No quarto dia de apagão na região metropolitana de São Paulo, cerca de 158 mil imóveis continuam sem luz na tarde desta terça-feira (15), segundo balanço divulgado pela Enel por volta das 17h30. Na noite de segunda-feira (14), 340 mil unidades estavam nessa situação, passando para 214 mil na manhã desta terça.
Segundo a concessionária, o serviço foi normalizado para pouco mais de 1,8 milhão de clientes e as equipes em campo receberam reforços do Rio de Janeiro e do Ceará, além de técnicos de outras distribuidoras.
Nesta manhã, havia 48 semáforos sem funcionar na capital paulista em razão da falta de energia, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). As equipes de campo foram às ruas para auxiliar na fluidez e na segurança do trânsito, de acordo com o órgão.
A área de concessão foi atingida na sexta-feira (11) por rajadas de vento de até 107 km/h, provocando danos severos na rede elétrica.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que vai intimar a Enel para explicar os problemas. A concessionária, responsável pela distribuição de energia na Grande São Paulo, terá 60 dias para se defender depois que o processo começar.
Depois desse período, poderá ser pedida a caducidade (o rompimento) do contrato com a empresa italiana.
Além disso, a Aneel afirmou que a resposta da Enel ao apagão ficou abaixo do esperado, e a companhia ainda não tem um prazo definido para restabelecer completamente o fornecimento de energia elétrica aos consumidores afetados na cidade de São Paulo e na região metropolitana.
Na noite de segunda, os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) levaram o apagão que atinge a capital paulista ao centro do debate da Band, o primeiro encontro entre os dois concorrentes à Prefeitura de São Paulo neste segundo turno.
O embate ocorreu em relação às responsabilidades da prefeitura, da Enel e da Aneel, ligada ao governo federal.
APAGÃO CAUSA PREJUÍZO DE R$ 1,65 BI
O apagão em São Paulo, que está no 4º dia, já causou prejuízos de ao menos R$ 1,65 bilhão aos setores do varejo e de serviços, segundo cálculos da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
Segundos os dados da Fecomércio, só o varejo paulistano teve prejuízos de pelo menos R$ 536 milhões nos dias em que parte do setor ficou sem funcionar. No caso dos serviços, as perdas somaram R$ 1,1 bilhão.
“Esses dados foram compilados levando em conta que, aos fins de semana, o comércio de São Paulo tende a faturar, em média, R$ 1,1 bilhão por dia, enquanto os serviços têm receitas de R$ 2,3 bilhões”, afirmou o órgão.
A Fecomércio afirma que é inaceitável que São Paulo sofra com constantes apagões e que não pode ficar sem eletricidade tanto tempo em meios a esses episódios.
A federação afirma que muitas empresas estão aumentando o prejuízo a cada dia sem luz, como mercados, restaurantes, farmácias e lojas do varejo, que ficam impossibilitados de operar, já que, além da energia, estão sem acesso à internet.
“Sem contar os custos excedentes para estabelecimentos que, diante da situação alarmante, não viram outra opção que não locar geradores, contratar mão de obra extra ou comprar combustíveis para manter dispositivos operando”, completou.