O velório de Adilson Maguila Rodrigues, nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi marcado pela emoção de familiares e fãs. O corpo do ex-boxeador, de 66 anos, seguirá após às 12 horas em cortejo para São Caetano do Sul, onde será enterrado no Cemitério das Lágrimas.
Irani Pinheiro, casada com Maguila, por 36 anos, agradeceu o carinho dos fãs. “Quero agradecer presença de todos, do povo brasileiro, que hoje tá triste, todos nós. Mas é uma honra estar falando de uma pessoa que fez parte do Brasil, não negou em nenhum momento a sua origem. Nós só temos que agradecer, primeiro a Deus, que está nos dando força até agora, e todos vocês, jornalistas, todos as pessoas que amam ele e acreditam e sempre acreditaram nele”
Ela revelou que a doença mudou o temperamento de Maguila nos últimos tempos. “Maguila era uma pessoa tranquila antes da doença. Para quem não sabe, a encefalopatia traumática crônica é muito parecida com Alzheimer. Quem tem familiares sabe que tem vários sintomas (parecidos) e ele tinha sintomas de agressividade, não por conta da pessoa dele, mas da doença. E ele era uma pessoa tranquila, era na imprensa, em casa, um menino, era dessa forma.”
Irani também contou que Maguila teve diagnosticado um nódulo do pulmão, mas evitou relacionar o problema à morte do ídolo do boxe nacional. “Como ele já estava há algum tempo em tratamento, há uns dois meses ele ficou internado 28 dias, com muitas dores no abdômen e foi descoberto um nódulo no pulmão. Esse nódulo foi retirado praticamente uns dois litros de água do pulmão. Não deu tempo de fazer uma biópsia porque ele já estava mais debilitado. E aí foi piorando. Se vocês olharem a foto, em junho ele estava bem, estava no instituto nosso, bem com os cuidados. Foi muito rápido.”
A esposa do ex-boxeador agradeceu também à presença do médico Renato Anghinah, neurologista e professor livre docente na Universidade de São Paulo (USP). “O Renato cuidou dele com tanto carinho”, disse Irani.
O cérebro de Maguila foi doado para estudos, em razão da encefalopatia traumática crônica que o ex-atleta enfrentou nos últimos anos. “Faz 18 anos que o Maguila está doente, e por conta disso a gente resolveu até em vida mesmo a doação do cérebro dele. Foi feito isso ontem para estudo.”
Muitos fãs compareceram ao velório. De forma silenciosa, se aproximavam do caixão, faziam uma oração e deixavam o local chorando. Maguila, que lutou boxe de 1983 a 2000, com 77 vitórias (61 nocautes), sete derrotas e um empate, foi campeão sul-americano, das Américas e chegou a segundo lugar no ranking do Conselho Mundial de Boxe.
Venceu luta épica diante do norte-americano James Quebra-Ossos Smith, em 1987, e foi derrota por Evander Holyfield (1989) e George Foreman (1990).